segunda-feira, 11 de junho de 2012

Porque vivemos pela fé!



       
             Domingo é assim. Fica o vazio na casa sem a família completa na mesa, aquele momento prazeroso onde a mamãe coloca à mesa o camarãozinho ao molho branco com arroz quentinho, e uma coca-cola bem gelada. Melhor que isso só as risadas entre uma colherada e outra, os elogios à comida deliciosa da mamãe, e os assuntos infinitos acompanhando cada refeição.Mas, hoje decidi dividir com vocês uns pensamentos, umas memórias que não consigo apagar, umas dúvidas, e aproveitar pra reafirmar que não nos deixamos abater, ainda que o gigante venha.
            Essa semana senti um cheiro que me trouxe a memória agosto do ano passado, até assusta pensar que já faz quase um ano. Foi bem quando o Vitor internou no hospital, uma das vezes, na verdade (pra quem não sabe, nossa vida sempre foi assim, uma montanha russa de emoções). Foram quase seis meses acompanhando o Vitor naquele quarto vazio. Toda vez que saia da faculdade, com a mochila pesada com as roupas que iria usar naquela noite, pensava em como gostaria que aquilo tudo acabasse logo. Misto-Quente no jantar, sono o dia todo por conta das fortes medicações, pãozinho na chapa no café da manhã, enfermeira às 03h00 só pra saber se tava tudo bem, eu com muito frio, Vitor com muito calor, caminhar sonolento e desajeitado com meu pijaminha de bolinhas, até a enfermaria numa falta de ar repentina do mano, jogo de futebol na televisão minúscula, chocolate, nescau e suco de abacaxi pra distrair, mini bis nos fins de tarde, assistir The Walking Dead no notebook juntos, pesquisar na internet algum novo boneco pra sua coleção, encontrar no seu email o convite da Banda Catedral para estar em seu livro, conversas sobre ipods, música e missões, massagem nos pés, beijos na testa a cada despedida, aniversário no hospital, estudar pra prova no sofázinho rasgado, duas quadras de caminhada até a rampa do hospital.. tudo isso ao lado dele e para estar com ele.
               Foi assim, por seis meses. Mas se eu fechar os olhos rápido agora, me vem a sensação leve que era poder estar ao lado do meu irmão, sendo util de alguma forma. Aquela coisa que o amor nos permite sentir, entende? Doar-se, sem pesar algum.
              Nem cabe nos dedos quantas vezes durante a noite fui ao banheiro para chorar, cobrindo a boca para que o Vitor não escutasse, só porque estava exausta de vê-lo com tantas limitações. Mas quando eu menos esperava ele cantarolava uma canção, ou talvez nem fosse uma canção, mas a mim sempre parecia um som suave e confortante, como a voz de Deus aquecendo meu coração.
             De alguma maneira, a cada "novidade" da doença, nossa familia sofre, chora, mas Deus nos levanta de uma forma que não sei explicar. A alegria que cultivamos, o amor, o bom humor.. nos permite erguer os olhos, sempre. Durante esse tempo no hospital, e até quando foi para São Paulo em dezembro, eu entendi que nada mais abala nossa fé. 
              No natal, fizemos uma grande bagunça no hospital, no dia dos pais, no aniversário do meu pai, e a ultima novidade foi o noivado da minha irmã, no Albert Einstein em São Paulo, podem imaginar o quanto nos amamos? Até eu me emociono, Deus é o nosso alicerce, e a partir disso sustentamos um ao outro não permitindo que momentos importantes em nossas vidas sejam esquecidos.
              O Vitor é o ser mais doce que eu já conheci, na minha ultima ida à São Paulo tivemos uma longa conversa pela madrugada, e vê-lo me tratar como uma neném, como ele mesmo me chama.. me faz sentir tão especial. A gente encontrou sintonia depois desses longos meses juntos, nossas conversas são tão cheias de confiança, segredos e desabafos! Nunca pensei que um dia nosso relacionamento seria assim, mas está sendo. A uns cinco anos atrás, ainda no hospital, eu briguei com alguém, entrei no quarto chorando, e deitado na cama ele me chamou e disse "como é possível? a gente cuida do seu coraçãozinho com tanto carinho, como se fosse de porcelana, e alguém faz você chorar? Não fica assim, neném.." Ah gente, é tanta doçura, tanto carinho, tanto amor, que nem me cabe explicar. O Vitor, racionalmente teria todos os motivos para ser impaciente, grosso e mal humorado.. mas ama e depende tanto de Deus, que sobrenaturalmente acaba abençoando vidas através de sua dor.
               Minha admiração, meu amor, crescem a cada dia. Eu apenas fico aqui, com os olhos cheios de lágrimas pedindo a Deus, mais uma vez, que seja o mais rápido possível a recuperação definitiva do Vitor. Porque apesar de tanta força e fé, não está sendo fácil e nunca foi! E porque a saudade dói demais! Em alguns momentos fico pensando em quantas vezes eu passei pela porta do quarto dele sem bater pra saber se estava tudo bem ou pra não dizer nada; quantas vezes deixei de abraça-lo quando a gente se cruzava pela cozinha, ou quantas vezes preferi adiar o "eu te amo" porque achei que isso era bobeira que irmãos não precisam dizer. Acreditem, hoje, é a única frase que expressa tudo que eu quero dizer quando vejo o Vitor sem poder andar naquela cama de hospital. 
           Minha esperança está em Deus, e sei que Ele é quem tem fortalecido o Vitor; e inevitavelmente logo ele vai estar em casa, caminhando, saudável e muito forte! Sei disso porque todas as poucas vezes que nos falamos, sempre (sempre mesmo) eu percebo que ele estufa o peito, respira fundo e tira fôlego de algum lugar, pra me dizer com toda coragem e fé "Eu também te amo neném, logo logo a gente vai estar juntos..você vai ver". Esse é o Vitor através do meu olhar de irmã mais nova, cheio de admiração. Alguns já o conhecem ou ainda vão conhecer. E se depois de tudo que eu contei, alguém ainda tiver dúvida de milagres, eu já nem sei mais o que dizer.Obrigada, a todos os amigos presentes em oração, ou em ajuda financeira. Vocês fazem parte dessa vitória, com certeza.

 "Pois o evangelho mostra como é que Deus nos aceita: 
  é por meio da fé, do começo ao fim." Romanos 1:17


 Nathalia Lobo

               



domingo, 11 de março de 2012

Exagerando no amor!


Tenho ficado muito feliz com o retorno das pessoas em relação a esse projeto social com crianças tão lindo que Deus colocou no meu coração e em outras pessoas amadas e amigas. Então hoje decidi relatar aqui no blog um pouco desse projeto.

Pra quem não sabe, minha igreja fica a três quadras ou menos de um região muito carente em um bairro de Belém, onde há pobreza e carência, de Deus, de amor, de abraços, de atenção e de condições de vida dignas. Então, quando eu e mais duas pessoas fomos nesse local entendemos que algo precisava ser feito. Mas não pela igreja, pelas pessoas, pelo pastor, precisava ser feito por cada uma daquelas pessoas naquela região, não só pelas crianças, mas por seus pais, e até por nós mesmos, porque nós, chegaríamos em casa no final do dia, com nosso travesseiro quentinho, nosso conforto e muita fartura, e nossos irmãos de coração estariam lá, nas mesmas condições, esquecidos.

Ouvi uma vez de uns amigos muito envolvidos com missões e que entendem muito melhor do que eu o que significa exagerar no amor, e que me ensinaram, que só o amor pode mudar o mundo, as seguintes coisas: "Amar o próximo com atitudes, nos dá no final do dia a boa sensação de deitar a cabeça no travesseiro em paz." e ainda "Na igreja, somos como postos de gasolina, esperamos que as pessoas venham até nós para serem abastecidas do que Deus tem pra oferecer, quando na verdade, Deus nos escolheu para irmos até elas".

Entendem agora como se torna impossível ficar parados? Mesmo que se mover envolva um dia corrido, vale a pena, mil vezes. Na verdade, encontrar aos sábados esses rostinhos tem dado sentido a minha vida.

Apresento a vocês, nossos pequeninos:



Visita às famílias, com meu pai, Corintiano e Pastor da minha igreja! Foi muito bom, alguns pais se aproximaram, e disseram que desejam que suas crianças tenham uma juventude como a nossa, ajudando e amando o próximo. Me diz, isso tem preço?


Esse é nosso mascotinho, Vinicius, três anos e uma história de vida bem agitada. Carinhoso, carente e muito espertinho. Anima nossos dias só com um "tia,tia,tia".


Nossa princesinha Joele, inteligente, espertinha e tão carinhosa. Ainda bem que não é sacrifício nenhum abraçar e apertar essa princesinha.



Ahhhhh! Essas aqui não me deixam nem ficar concentrada. Com esses sorrisos eu fico a manhã toda as apertando e pensando como Deus é bom em me permitir tê-las por perto. Rafa e Maitê.

Agora que vocês já os conhecem um pouco. Deixe-me contar sobre nosso sábado. Ás 8:30h nos encontramos na Igreja, e vamos busca-los (alguns pais sentem mais segurança em deixa-los irem conosco, mesmo que a igreja não seja tão longe), chegando a igreja, entramos nas salas, brincamos e cantamos algumas musiquinhas pra ajuda-los a acordar.Depois, eles ouvem com todo respeito a história que uma das pessoas da equipe conta. Contamos histórias bíblicas normalmente, ou que passem para eles valores essenciais esquecidos em suas casas. A primeira coisa que percebemos, por exemplo, foi que eles jogavam lixo no chão e se agrediam sempre que algo ficava mal resolvido em alguma brincadeira (faziam isso em suas casas, também), então, apresentamos algumas regrinhas que funcionaram muito bem.

Ontem, na volta pra igreja, com uma das crianças, ela me contou por dez minutos o que havia aprendido na semana que passou, porque havia assistido um vídeo que falava sobre o mesmo assunto. E aí no meio da rua, ele ia me contando "Então tia, eu entendi que Deus criou eu, meus pais, você, os cachorrinhos, as lixeiras, os mercadinhos, as árvores, as calçadas, as pipas, os bombons.." (tudo que ele via pela frente na nossa caminhada!). Nossa, que valor isso tem pra mim! Ver uma criança falar sobre Jesus, e sobre o que ele pode oferecer ou representar em sua vida.. de uma forma tão simples, que eu mesma desejaria fazer!

Continuando, depois do que já contei, vem uma das partes mais importantes: o lanche! Não se assustem, apenas pensem que uma pequena parte daquele grupo tomou café antes de estar lá, e ainda, que alguns deles só estejam lá pelo lanche, o que não é errado, de jeito nenhum. Então, caprichamos o máximo possível, e dependemos da doação e do amor de muitas pessoas, e da igreja, que sempre ajuda com alguma quantia. E gente, Deus tem nos abençoado muito, nem posso explicar quanto!

No mais, nos bastidores, um abraço, um "eu te amo", um sorriso, um suspiro de satisfação, uns gritos de felicidade durante as brincadeiras, uns detalhes aparentemente pequenos, me fazem entender, que Deus me escolheu para amá-los incondicionalmente, para exagerar no amor, e para fazer tudo com e por amor, por eles, por mim, por Deus.

Eu aproveito o embalo do texto, para dizer duas coisas, a primeira, é que esse trabalho não é só meu, até agora somos uma equipe pequena, mas que tem sido muito muito eficaz, tudo tem dado tão certo de uma forma que nunca imaginaríamos, agradeço a Deus por ter cada um por perto, ajudando e apoiando esse trabalho. A segunda coisa, é que eu tenho visto o interesse de algumas pessoas no facebook no que tem sido feito, gente, entendam: nós precisamos de vocês! Não falamos de religião, nem de um jeito certo de pensar.. pelo contrário, valorizamos o amor, e só o amor! Esse que é capaz de mudar o mundo! Então, se você entender, como eu, que sua vida não está fazendo a diferença, e que você precisa também deitar a cabeça no travesseiro e sentir paz, junte-se a nós! Com certeza essas crianças iram amar você, e um semente será plantada, até que no futuro, elas não se esquecerão de vocês.

Pra concluir, gostaria de dizer que aceitamos sugestões de um nome para esse trabalho. A equipe anda tão envolvida que ainda não paramos pra pensar nisso com calma, então decidi lançar o desafio a vocês, que leem minhas singelas postagens. Se alguém tiver dúvida, ou interesse em saber o local, para estar lá, ou ajudar com doações, fale comigo! Deus abençoe vocês!

Nathalia Lobo

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Matador de Gigantes e Eu

"..até que um dia o Vitor deitou na rede comigo, e me perguntou se eu lembrava daquela novela que a menina raspava todo o cabelo e chorava muito, quando eu disse que sim, ele me disse que o assunto que todos falavam na casa sem me explicar nada era esse, ele podia estar com câncer."
(8/08/2003.)

Eu e o Vitor sempre fomos amigos, quando a gente voltava pra casa depois da escola, ele segurava minha mão, fechava os olhos e dizia: "agora eu não vejo mais nada neném, me leva..". Cada degrau eu gritava pra ele não cair, (um tempo depois descobri que ele nao fechava completamente os olhos, frustrante).. Quem diria que anos depois esse controle do Vitor se ferir ou não, já não estaria mais em minhas mãos.

Lembro que Vitor estava em Belém, quando precisou fazer uma nova cirurgia. Justo nesses dias eu estava no acampamento.  Quando voltei pra casa, Vitor havia amputado o braço esquerdo.Fui para o hospital vê-lo. Minha irmã estava lá, me abraçou, e pediu para que eu tentasse não chorar, porque isso poderia deixar o Vitor triste. Quando entrei no quarto, ele sorriu e disse "Oi neném."  Com tranquilidade, ele perguntou se eu queria olhar o braço, então lembro dele levantando o lençol. Se vocês já ouviram meu irmão dar seu testemunho, ele conta que nesse dia, pediu para que Jesus sentasse ao seu lado numa cadeira, para que chorasse ao seu lado.. não há duvida que isso aconteceu.

Diversas situações fica dificil de esquecer. Atualmente vivemos os momentos mais críticos desses quase nove anos, e meu amor e admiração pelo Vitor só cresce e se fortalece. Desde agosto até o final do ano passado ele esteve internado no hospital, o maior prazer era estar ao lado dele naquele sofazinho rasgado. Tivemos conversas que me fortaleceram,conselhos que nunca ninguém me deu, vieram do meu irmão, deitado numa cama de hospital. Sem poder me olhar nos olhos, o Vitor desligou a televisão, talvez como uma forma de mostrar que se importava com o que eu pensava, e funcionou tão bem! Agradeci a Deus com lágrimas aquele dia simplesmente por ele existir.

Um outro gigante derrubado nesses ultimos seis meses foi quando Vitor veio pra casa para tentar se recuperar. Montamos sua cama na sala, porque ele não tinha condições de subir as escadas. Como ele não poderia dormir sozinho, peguei um travesseiro e deitei no sofá ao seu lado.. olhei pro seu rosto toda a noite, e implorei a Deus que o dia seguinte fosse melhor pra todos nós. Ainda nesse periodo, antes de ir pra São Paulo, sentamos o Vitor na cama um dia pra tomar banho.Sem a gente perceber seu pé encostou no sabão que havia derramado no chão, e levou o seu corpo com 40 kilos a mais a escorregar pra fora da cama. Sem controle nas suas pernas, nem sustento na coluna, eu, mamãe e papai tentamos coloca-lo de novo na cama, foram segundos desesperadores, pareceu durar 45 minutos. Conseguimos coloca-lo na cama depois de gritos de dor e muito esforço. Naquele dia, recebi um abraço em prantos do meu pai que nunca vou esquecer. Apesar de tanta dor, no final das contas, o que fica fácil perceber é que  quem nos fortalece é certamente Jesus. Não a religião, a igreja.. mas aquele amigo mais íntimo: Jesus! 

Tem tanta coisa sem explicação que a gente vive, por exemplo a doação e o amor que algumas pessoas sentem por nossa família, mesmo sem conhecer cada um pessoalmente; isso me comove profundamente, o cuidado de Deus em nos fazer sentir amados até mesmo por desconhecidos. Nunca poderiamos imaginar que um dia a vida do Vitor alcançaria países diferentes e comoveria corações duros de tanta gente. As vezes paro por algumas horas pra pensar nesses quase nove anos, foram montanhas russas de sentimentos constantemente, mas nada, nunca, permitiu que nossa familia se afastasse, nossso amor apenas cresce, e nos fortalecemos juntos, a cada dia. 

As vezes a gente se reunia na sala pra chorar juntos, e em uma dessas vezes, papai sugeriu que a gente decorasse o Salmo 103. Fazem mais de sete anos e até hoje sei cada palavra daquele Salmo, acreditei que me ajudaria a gritar pra Deus o que eu sentia. E ajudou. "Mas o amor de Deus, o Senhor, por aqueles que o temem dura para sempre, a Sua bondade permanece, passando de pais a filhos."

Hoje continuamos na batalha, derrotando gigantes dia após dia, e contando sempre com a fé de todos vocês e a esperança que Deus cuidará de nós, como fez até agora.

Deus abençoe, todos vocês.

Nathalia Lobo

terça-feira, 15 de novembro de 2011

150 milhões de quilômetros





Essa noite me peguei lembrando de cinco anos atrás; quando as coisas pioraram muito aqui em casa, parecia que nossas forças escorriam pelas nossas mãos, as dúvidas aflorando, os medos do que o amanhã poderia trazer.. e no meio disso tudo, com a fé e a força do meu pai, ele chamou toda a família pra sentar na sala, e orar, e chorar juntos, clamando pra que as coisas voltassem ao normal, ou pra que o amanhã trouxesse a alegria e levasse a doença embora.

No meio das lágrimas molhando nosso colo, meu pai sugeriu que toda a família decorasse o Salmo 103, levei aquilo tão a sério, sabia que meu pai não pedira aquilo a toa. Li, de novo e de novo, e decorei o salmo.. E acreditem, desde então nunca mais o esqueci!

A primeira coisa que hoje, me chama atenção é o fato deste salmo ser uma completa adoração a Deus, Davi louva o nome de Deus de toda sua alma:
“tudo o que há em mim”. Se eu não conhecesse o coração do meu pai, acharia que ele se confundiu com o Salmo anterior, quando nos pediu isso a cinco anos atrás, mas acreditem, não foi.. meu irmão havia amputado o braço, sofrendo com dores, e o desafio era: adorem a Deus!

Hoje, nas minhas conversas com Deus, faço questão de repetir uma coisa que temos vivido na pele, dia após dia:
"Pois como os céus se elevam acima da terra, assim é grande o seu amor para com os que o temem" Li que isso seria mais ou menos 150 milhões de quilometros. Alguém já parou pra pensar nisso? No tamanho desse amor? E, se eu entendo pelo menos um pouco dele, eu sei que seria uma mistura de cuidado, proteção, afeto, algo da alma e do coração, mesmo. A estatura, a extensão e a profundidade do amor divino.

Um outro pedacinho do salmo explica sobre o porque desse amor:
Deus sabe que somos frágeis (v.14) e que nossa vida é passageira (v.15). Ele mesmo assumiu a forma de homem na pessoa de Jesus. Por isso, está disposto a socorrer e sustentar aqueles que o temem.

Essa musica que postei a seguir, fala um pouco desse amor, sempre que a escuto lembro do Salmo, me ajuda a entender nos mínimos detalhes o que esse amor infinitamente grande pode signifcar pra minha vida, pra mim que sou tão pequenininha (literalmente) diante de Deus.

http://www.youtube.com/watch?v=5_sHvpyxQ1c&feature=fvst


"Ele se importa comigo me ama como um furacão
Sou como uma árvore que se move pelo seu vento e misericórdia
E quando esqueço de minhas aflições ofuscadas por sua glória
Posso perceber o quão lindo tu és e quão grandes seus afetos por mim

Oh Como Ele nos ama tanto
Oh Como Ele nos ama Como Ele nos ama tanto

Ele se importa comigo me ama como um furacão
Sou como uma árvore que se move pelo seu vento e misericórdia
E quando esqueço de minhas aflições ofuscadas por sua glória
Posso perceber o quão lindo tu és e quão grandes seus afetos por mim

Refrão
Ele nos ama tanto, nos ama tanto, Ele nos ama tanto, Ele nos ama

Ele é o nosso galardão e nós somos sua porção
Atraídos para sua redenção
Se sua graça é um oceano estamos afundando
E então o céu se encontra com a terra como um beijo
E meu coração queima por dentro do meu peito
E eu não tenho tempo mais pra me lamentar, mas apenas pensar

Oh Como Ele nos ama tanto
Oh Como Ele nos ama Como Ele nos ama tanto"


Sinceramente, essa tem sido minha inspiração de vida, porque com toda a adoração as dificuldades não sumiram, o que não significa desprezo de Deus, ou que esse amor diminuiu. Alguém aí tem noção da distancia entre os céus e a terra? Eu, não sei e não quero saber. Me motiva, me revigora, simplesmente saber que alguém me ama assim, apesar de tudo.


Nathalia Lobo

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Só os loucos sabem



A duas semanas eu tive experiências muito diferentes, vi de pertinho realidades que nunca esperei ver e senti brotar do meu coração um amor inesperado e louco, muito louco.

Recebi na minha casa Zilão, Pedro e Gito do Prohumanos, e acompanhar o trabalho deles durante duas semanas foi o que fez com que algo diferente despertasse em mim.

Você já pensou em amar um vagabundo? (do dicionário: "Que ou quem vagabundeia ou tem vida errante"), um assassino, que até a própria familia já desistiu? Pensou em sentir compaixão por esses caras? Pois é, nem eu! Até que Deus (que não é nada bobo) me levou pra dentro de uma FEBEM, e agora.. pasmem! Acordo TODOS OS DIAS com a imagem e o nome de cada um dos meninos, que eu fiz questão de decorar, pra não correr o risco de esquece-los.
Já diria o Chorão: "Eu segurei minhas lágrimas, pois não queria demonstrar a emoção, já que estava ali só pra observar e aprender um pouco mais sobre a percepção. Eles dizem que é impossível encontrar o amor sem perder a razão, mas pra quem tem pensamento forte, o impossível é só questão de opinião"
E sobre isso, meu caro.. só os loucos sabem!

Foi muito fácil trazer uma lição pra casa todos os dias, e molhar o travesseiro com um choro de dúvida, arrependimento, vergonha e entusiasmo, muito entusiasmo pra mudar o que já fora feito! O que parecia ser algo tão escondido dentro de mim, veio a tona com pensamentos e desejos difíceis de conter! Outra coisa muito incrível, foi que em uma das escolas que fomos, o Zilão entrou em uma sala, atraiu a atenção daquele público tão diferente, com histórias diferentes, opiniões e sonhos enfraquecidos pelo dia a dia difícil, e escreveu com todo gosto no quadro, a razão de todo seu trabalho ali, e durante os outros dias: "AMOR". Simples assim! Mudar o mundo com e por amor!

Eu que pensei ter ido até lá pra ajudar no trabalho, virei ouvinte, e cada palavra era dita pro meu coração, diretamente. Fui alcançada por esse amor e agora o dever me chama! É Deus na sua simplicidade, mostrando sem timidez o que eu preciso realmente fazer pra que minha vida faça sentido.

Apesar de pouco tempo ter se passado, Deus tem permitido que eu tenha experiências para por em prática esse amor! O que não significa que tá sendo fácil. Em uma semana ganhei abraços de gratidão tão apertados que doeu a barriga! Ri até cansar! Vi os sorrisos mais sinceros de toda a minha vida! E ouvi uma criança de 7 anos, contar com a indiferença de quem diz as horas pra um estranho, que viu o tio ser assassinado, na porta de sua casa.

Agora o lema é esse, quem põe a mão no arado, não olha pra trás! E não olha mesmo! Porque essa loucura de amar como Jesus amaria não é algo que seja possível contar, vai brotando de dentro da gente, e cada vez você tem mais sede de saciar a sede de alguém, como uma forma de sobreviver a esse mundo decadente! De ser diferente, de mudar o mundo.

E disso, irmão, só os loucos sabem..

domingo, 27 de março de 2011

Ciclo Vital, e daí?






A algum tempo vi uma reportagem no jornal sobre a minha família que dizia: "A familia Lobo é exemplo de fé e união, prova concreta de que quem sofre e reza junto, vence junto". Até no contexto acadêmico não é segredo, a família é a base de tudo, o "ciclo vital, primeiro grupo em que somos inseridos" . Mas e aí? e eu com isso? Que valor eu tenho atribuido a essas pessoas que me amam sem barreiras, que me repreendem por amor? Até pouco tempo eu me achava velha demais pra dar valor a família, e foi isso que me permitiu refletir tanta coisa, se achar bom o suficiente é a prova perfeita de que você tem muito a melhorar.

Eu acho Deus um cara fantástico, sabe? Eu tenho certeza que quando ele escolhia a que familia iamos pertencer Ele sabia que a coisa seria dificil (facilidade pra que, meu amigo?) E esse é o ponto, é facil ver o que a familia se tornou hoje, qualquer coisa é motivo pra ter vergonha, quanto mais se demonstra carinho, mais ridiculo parece, fora de moda. Bom mesmo é adotar amigos e chama-los de: família!

Isso não é um sermão, e nem um post cientifico, nem tão inteligente ou bem elaborado, mas é que hoje eu decidi parar pra pensar no lugar que meus pais e irmãos tem na minha vida e registrar isso aqui. Antes ou depois da faculdade? da vida profissional? do namoro? dos amigos? Fazer um album no orkut não é mais suficiente, meu povo, tem que ter amor incondicional.

Então, se estiverem entediados, parem de ler esse texto bem aqui, porque agora proponho a vocês, e a mim que relacionem o nome de seus familiares e pontuem pelo menos cinco qualidades de cada um. (não vai doer..)

Pai - é a pessoa mais dedicada pra as coisas de Deus que eu conheço, ele nunca se cansa de aprender, me dá um abraço tão firme que nem tenho vontade de largar, faz o melhor churrasco de Belém, e diz que me ama com a maior facilidade que eu já vi alguém dizer.

Mãe - Tem o coração mais doce que eu conheço, abre mão de tudo pela nossa familia, tem a força de uma leoa, nada a faz desistir, faz cálculos como ningiém da familia, tem a sabedoria de uma serva de Deus e ninguém consegue ser tão bom quanto ela no que faz.

Vivi - Nossa relação hoje me permite ver mil qualidades suas, certamente é a melhor irmã que eu tenho (e a única), tem uma coragem e garra indescritivel, não desiste nunca, seu empenho e inteligencia são incriveis o suficiente para torna-la reconhecida e disputada no ramo profissional, tem uma beleza espetacular, e é engraçada o suficiente pra tornar meus finais de semanas mais agradáveis, cuida de mim e investe no meu futuro com tanto amor que nem sei se mereço.

Vitor - Minha admiração por ele aflorou aos 12 anos, quando ele deitou na rede comigo e me contou sobre a doença, com um "vai ficar tudo bem" no final de cada frase, ele não é um super heroi e nem se preocupa em parecer com um, se orgulha de ser fruto do cuidado de Deus, fala bem a qualquer publico, tem um sorriso lindo, me chama de "neném" me fazendo sentir amada e cuidada pelo seu carinho, me defende e me esclarece duvidas como um bom irmão mais velho, incentiva meus sonhos como se fossem seus, foi abençoado por um cabelo que nunca vai precisar de chapinha, já passou por dores tão intensas que é dificil de acreditar que ainda tenha forças pra lugar, mas acreditem, ele tem!


Bom, a quatro semanas atrás eu conseguiria apenas relacionar defeitos deles; e hoje eu não entendo como isso aconteceu, considerando tudo que eles representam na minha vida, e o quanto investiram em mim, desde sempre. Eu nem entrei no mérito da religião nesse texto, porque sinceramente, eu acho que vai além disso. É quase questão de inteligência, vocês que me perdoem.. Tem crente morando na igreja, indo pra célula, pregando, sapateando, e amar a família que é bom.. nem pensar! E tem não cristão que trata mãe e pai como lixo, mesmo se achando dono da verdade e magoado o suficiente, acredite, você não tem esse direito!

Eu não sei se esse foi um post insignificante pra vocês, mas decidi (como sempre) publicar essas coisas do meu dia que me tornam viva, que me movem, e me motivam a crescer. Não custa nada, pelo menos me ajuda a refletir.

Nunca se achem bons o suficiente! :]


Deus abençoe, todos!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A Terapia




Cá estou eu, depois de uma tentativa frustrada de ler uns textos, pra falar de uma música, que me remeteu a algo que já não é mais novidade por essas bandas do blog. Pra quem não conhece, Resgate é uma boa banda gospel, com canções que falam sobre coisas da mocidade, com temas bem atuais. E vejam só, depois de tanto tempo sem ouvi-los, encontrei: A terapia!

Não sou tão previsível quanto pareço, segue a letra:


"Louco, bipolarizado
Eu desgovernado sem direção
Meio na contramão

Falso
Anabolizado
Completamente inchado numa ilusão
Pisando onde não tem chão

Quero me entregar na Tua terapia
No Teu reino, enlouquecer
Uma amostra grátis já me bastaria
Vou pra essa consulta sem meu relógio
Mas conto as horas pra Te encontrar"


Fiquei completamente assustada com a sabedoria do autor, sabe aquela coisa bem adolescente de "música da minha vida"? Achei umas curiosidades da letra que talvez interesse a vocês:

"O refrão é uma rendição ao Senhor. Alguém que se rende e se entrega totalmente a Deus nessa terapia, que está disposto a ser tido como louco para o mundo, “enlouquecer” no reino de Deus. Alguém que sabe que apenas uma migalha que cai da mesa de seu Senhor já lhe é suficiente, uma amostra grátis, já bastaria. Alguém que não tem hora nem pressa quando está na presença de Deus, e nessa consulta não se preocupa com relógio, mas conta as horas pra chegar na Igreja, pra ouvir a Deus e pra estar na sua presença."

Não se animem, o post tá só começando. É claro que um link com meu curso é evidente. Mas não tão superficial quanto parece. Fiquei pensando (de novo) em como é um desafio pra minha vida mesmo, todos os dias, naquela sala de aula. Começou a ficar mais forte semestre passado, a teoria veio bem em frente com algumas questões religiosas e eu digo pra vocês, que em algum momento eu me permiti duvidar. É difícil, gente! Não é tão simples negar por exemplo, que a Esquizofrenia é na verdade uma possessão demoníaca, um problema espiritual.. ou aceitar isso completamente. Imaginem-se, mesmo os fortes suficientes na fé, em Cristo.. bombardeados todos os dias com isso! É o teu futuro, depois de três anos, se você não assumir uma posição ao menos crítica, ou vai ser um péssimo profissional, ou vai ser infeliz. E isso eu não quero pra mim, de jeito nenhum. E aí, no meio dessa 3º Guerra Mundial que se formou no meu pequenino cérebro, no meio de um tiroteio, de neurônios sendo enviados para campos de concentração.. me vi perdida, sozinha, abandonada, injustiçada por situações.. e adivinhem a solução: TERAPIA!

Isso certamente é a coisa mais natural do mundo, principalmente pra um aluno de Psicologia, fazer terapia é se conhecer, o Psicologo nesse momento, de acordo com sua abordagem é apenas um facilitador, quem é dotado de respostas é o próprio indivíduo e isso não me parece uma má opção, ou coisa do diabo; querem saber o real problema nessa situação? Deus foi completamente ignorado no meu raciocínio nesse momento. Pra quem não entende isso, sugiro que não critiquem, não consigo imaginar meus professores concordando com minhas conclusões, mas entendo e sei da importância de Deus na minha vida, e em tudo que eu vivi até hoje. Fiquei completamente desesperada por terapia, "eu preciso me tratar, ou vou enlouquecer" Quem dera eu tivesse decidido enlouquecer nas coisas do reino de Deus antes de me ver sem chão. Quando vi a música, me senti uma idiota. Quanto mais eu pensava em terapia, mais frustrada ficava (meu plano médico só cobre psiquiatria, e o custo de um Psicólogo particular meu bolso não pode pagar - que ironia, não?) Deus prontinho pra me dar uma amostra grátis, e eu completamente míope pro seu amor. Eu não lembrava a ultima vez que tivesse contado as horas pra encontrar Deus na igreja, no meu quarto, no carro indo pra faculdade, ou no ônibus lotado.

Eu amo Psicologia, tenho certeza que Deus me colocou lá por um propósito, e eu falo de Deus e de Psicologia sem medo, mesmo! Ciente que meus clientes não vão ser prejudicados por isso! Mas o que mudou na minha vida hoje é minha posição diante de tudo isso, da responsabilidade que me cabe, e da cobrança que eu mesma me permito fazer, pra que ser diferente não seja um bicho de sete cabeças. Se a mudança não começar por nós, por mim, que valor tem tanta indignação?