segunda-feira, 11 de junho de 2012

Porque vivemos pela fé!



       
             Domingo é assim. Fica o vazio na casa sem a família completa na mesa, aquele momento prazeroso onde a mamãe coloca à mesa o camarãozinho ao molho branco com arroz quentinho, e uma coca-cola bem gelada. Melhor que isso só as risadas entre uma colherada e outra, os elogios à comida deliciosa da mamãe, e os assuntos infinitos acompanhando cada refeição.Mas, hoje decidi dividir com vocês uns pensamentos, umas memórias que não consigo apagar, umas dúvidas, e aproveitar pra reafirmar que não nos deixamos abater, ainda que o gigante venha.
            Essa semana senti um cheiro que me trouxe a memória agosto do ano passado, até assusta pensar que já faz quase um ano. Foi bem quando o Vitor internou no hospital, uma das vezes, na verdade (pra quem não sabe, nossa vida sempre foi assim, uma montanha russa de emoções). Foram quase seis meses acompanhando o Vitor naquele quarto vazio. Toda vez que saia da faculdade, com a mochila pesada com as roupas que iria usar naquela noite, pensava em como gostaria que aquilo tudo acabasse logo. Misto-Quente no jantar, sono o dia todo por conta das fortes medicações, pãozinho na chapa no café da manhã, enfermeira às 03h00 só pra saber se tava tudo bem, eu com muito frio, Vitor com muito calor, caminhar sonolento e desajeitado com meu pijaminha de bolinhas, até a enfermaria numa falta de ar repentina do mano, jogo de futebol na televisão minúscula, chocolate, nescau e suco de abacaxi pra distrair, mini bis nos fins de tarde, assistir The Walking Dead no notebook juntos, pesquisar na internet algum novo boneco pra sua coleção, encontrar no seu email o convite da Banda Catedral para estar em seu livro, conversas sobre ipods, música e missões, massagem nos pés, beijos na testa a cada despedida, aniversário no hospital, estudar pra prova no sofázinho rasgado, duas quadras de caminhada até a rampa do hospital.. tudo isso ao lado dele e para estar com ele.
               Foi assim, por seis meses. Mas se eu fechar os olhos rápido agora, me vem a sensação leve que era poder estar ao lado do meu irmão, sendo util de alguma forma. Aquela coisa que o amor nos permite sentir, entende? Doar-se, sem pesar algum.
              Nem cabe nos dedos quantas vezes durante a noite fui ao banheiro para chorar, cobrindo a boca para que o Vitor não escutasse, só porque estava exausta de vê-lo com tantas limitações. Mas quando eu menos esperava ele cantarolava uma canção, ou talvez nem fosse uma canção, mas a mim sempre parecia um som suave e confortante, como a voz de Deus aquecendo meu coração.
             De alguma maneira, a cada "novidade" da doença, nossa familia sofre, chora, mas Deus nos levanta de uma forma que não sei explicar. A alegria que cultivamos, o amor, o bom humor.. nos permite erguer os olhos, sempre. Durante esse tempo no hospital, e até quando foi para São Paulo em dezembro, eu entendi que nada mais abala nossa fé. 
              No natal, fizemos uma grande bagunça no hospital, no dia dos pais, no aniversário do meu pai, e a ultima novidade foi o noivado da minha irmã, no Albert Einstein em São Paulo, podem imaginar o quanto nos amamos? Até eu me emociono, Deus é o nosso alicerce, e a partir disso sustentamos um ao outro não permitindo que momentos importantes em nossas vidas sejam esquecidos.
              O Vitor é o ser mais doce que eu já conheci, na minha ultima ida à São Paulo tivemos uma longa conversa pela madrugada, e vê-lo me tratar como uma neném, como ele mesmo me chama.. me faz sentir tão especial. A gente encontrou sintonia depois desses longos meses juntos, nossas conversas são tão cheias de confiança, segredos e desabafos! Nunca pensei que um dia nosso relacionamento seria assim, mas está sendo. A uns cinco anos atrás, ainda no hospital, eu briguei com alguém, entrei no quarto chorando, e deitado na cama ele me chamou e disse "como é possível? a gente cuida do seu coraçãozinho com tanto carinho, como se fosse de porcelana, e alguém faz você chorar? Não fica assim, neném.." Ah gente, é tanta doçura, tanto carinho, tanto amor, que nem me cabe explicar. O Vitor, racionalmente teria todos os motivos para ser impaciente, grosso e mal humorado.. mas ama e depende tanto de Deus, que sobrenaturalmente acaba abençoando vidas através de sua dor.
               Minha admiração, meu amor, crescem a cada dia. Eu apenas fico aqui, com os olhos cheios de lágrimas pedindo a Deus, mais uma vez, que seja o mais rápido possível a recuperação definitiva do Vitor. Porque apesar de tanta força e fé, não está sendo fácil e nunca foi! E porque a saudade dói demais! Em alguns momentos fico pensando em quantas vezes eu passei pela porta do quarto dele sem bater pra saber se estava tudo bem ou pra não dizer nada; quantas vezes deixei de abraça-lo quando a gente se cruzava pela cozinha, ou quantas vezes preferi adiar o "eu te amo" porque achei que isso era bobeira que irmãos não precisam dizer. Acreditem, hoje, é a única frase que expressa tudo que eu quero dizer quando vejo o Vitor sem poder andar naquela cama de hospital. 
           Minha esperança está em Deus, e sei que Ele é quem tem fortalecido o Vitor; e inevitavelmente logo ele vai estar em casa, caminhando, saudável e muito forte! Sei disso porque todas as poucas vezes que nos falamos, sempre (sempre mesmo) eu percebo que ele estufa o peito, respira fundo e tira fôlego de algum lugar, pra me dizer com toda coragem e fé "Eu também te amo neném, logo logo a gente vai estar juntos..você vai ver". Esse é o Vitor através do meu olhar de irmã mais nova, cheio de admiração. Alguns já o conhecem ou ainda vão conhecer. E se depois de tudo que eu contei, alguém ainda tiver dúvida de milagres, eu já nem sei mais o que dizer.Obrigada, a todos os amigos presentes em oração, ou em ajuda financeira. Vocês fazem parte dessa vitória, com certeza.

 "Pois o evangelho mostra como é que Deus nos aceita: 
  é por meio da fé, do começo ao fim." Romanos 1:17


 Nathalia Lobo

               



3 comentários:

  1. É, mana véia... A história de vocês é longa e única! Feito Jó, eu acho. Um mal bocado, mas com resultados imensos e eternos nas mãos de Deus.
    Vocês são um exemplo gigante pra mim e pra uma multidão por aí.
    Bom... E como sempre foi, fé em Deus e pé na tábua! BD
    (Supimpa o texto!)
    o/

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  2. Ainda não tenho palavras pra descrever a experiência de ter conhecido o Vitor.

    Já o amo muito! Não só eu, mas uma mulidão de gente que tem ouvido essa linda história de amor.

    Lindo texto!

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  3. Oi xarázinha, que lindo seu texto.. não me leve a mal, mas não sabia que escrevia tão bem! talvez o convívio com o nosso poeta ai tenha influenciado, quem sabe?! ;]
    O vitor é o amor em pessoa.. e é engraçado que mesmo a gente nunca mais tendo chance de fortalecer aquele amizade que tínhamos, quase que todo dia eu escuto a musica dele no carro e fico lembrando da pessoa que ele é, eu sinto como se eu não tivesse aproveitado a oportunidade de conhece-lo mais, de aprender um pouco mais.. enquanto eu podia te-lo mais presente eu não aproveitei! nada comparado ao seu relacionamento com ele, mas sinto falta de pessoas como ele... de amizades como a dele que sem maldade nenhuma me presenteou. Ele foi meu primeiro amigo "homem" e ele me ensinou q isso era possivel.. mas teve um tempo que não me dediquei mais a essa amizade e toda vez que vejo meu primo ao lado dele, eu desejo estar lá também, rindo com eles, das bobagens que eu sei que eles falam juntos..qtas vezes pensando nele, nas dores dele me peguei chorando e com muito medo até! mas eu sou tão fraca.. tão sei lá! que ele é um trilhão de anos luz mais forte que eu, mesmo em meio a tudo isso!
    se existe alguem que humanamente falando, merece ser curado.. é o vitor!
    Sem mais palavras p expressar tudo que sinto por esse cara, despejo sobre voce todas as bençãos do Senhor! que Ele te dê força! fé! mais e mais.. tb amo vc xarázinha! mesmo meio distantes, sábado te vi no banco e qd acabou o culto fui te procurar mas vc ja tinha ido! poxa vida hein?1 hehehehehe bjinhus

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