sábado, 29 de maio de 2010

Sala de Oncologia






Acordei com o despertador gritando aos meus ouvidos, pensei em enrolar mais cinco minutos, mas nem precisava, já havia descansado o suficiente.. sentei por uns segundos na cama, pedi pra Deus abençoar o que eu viveria ao longo desse dia. Tomei meu banho quente matinal, vesti calças e blusas branquinhas, e peguei o jaleco de todos os dias, onde quase não se via o branco. Mais um dia começara! O caminho parecia longo até meu destino, queria poder diminuir a distancia entre nós dois. Quando finalmente cheguei, caminhei por um piso desgastado, parecia que muita gente havia passado por alí, gente como eu, com histórias diferentes, eu quase consegui ver através daquela marca o cansaço de seu dono, e por quantos outros chãos havia passado para chegar até alí. As paredes tinham cores diferentes, pra tornar aquele lugar mais agradável, caminhei mais um pouco, e cheguei onde queria, vi seus rostinhos ansiosos, alguns sorriam, outros até tentavam, mas não conseguiam, respondi com o melhor sorriso que eu poderia dar, e alguns até ganharam beijinhos. Entrei na sala e por um segundo lembrei de como eu havia desejado aquele momento a anos atrás. Era um sábado de maio, quando eu fazia pesquisas sobre o que seria minha realidade hoje, enquanto lia algumas estatísticas lágrimas escorriam pelo meu rosto, e eu descobriria que queria ser diferente, fazer diferente, agir diferente, mudar a minha vida com o impacto que aqueles pequenos heróis vivem todos os dias. Meu desejo à anos impossível estava bem à minha frente, e eu agora chorava de felicidade, Deus sabia que alí era o meu lugar! Sai da sala e abracei cada um como se fosse o último abraço da minha vida, alguns reclamaram do exagero, mas eu precisava! Naquele momento, eu trocaria meu coração pra vê-los completamente curados. E se isso eu não pudesse fazer, eu doaria o resto dos meus dias para esse processo, é lento, eu sei .. mas agora eu estou lá, como sonhei. Tudo agora faz parte da minha vida, seus sorrisos, suas lágrimas, cobertas por uma vontade infinita de ser como os outros, e eu, de ser como eles.


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